domingo, 15 de julho de 2012

Aperreado

Antes de começar a relatar a viagem vou fazer as considerações que não fiz antes. Eu tinha dito que a diferença social em Salvador é muito evidente, mas subindo mais pelo nordeste vi que a coisa é muito mais séria, principalmente no interior de Sergipe e Alagoas. A pobreza está as margens da rodovia. E por falar em rodovia a BR101 norte está esquecida, e agora eu entendo porque Pernambuco está entre os campeões de acidentes com mortes. Nas considerações finais dessa viagem vai ser difícil escolher o pior trecho porque tem vários péssimos.
Sobre Maceió. Achei uma cidade sem muitos atrativos. Tem praias e mais praias, mas praias também tenho em minha cidade e apesar de gostar muito de natureza não é o que procuro nessa viagem. Achei o alagoano o menos receptivo de todos os nordestinos até o momento (é claro que existem exceções). E o albergue de lá é o pior da rede Hostelling International de todos que já fui até hoje. Depois do almoço fui dar uma volta rápida pela cidade antes de vir para Recife, e foi realmente rápida porque como me disseram o pessoal de Aracaju, "Maceió é só a orla", e é verdade! A tarde peguei a BR e depois de 85km rodados o pneu fura por volta de 16:30 em um vilarejo chamado Cocal ainda do lado de Alagoas e a 170km de Recife ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Uassu-cocal ). Tive que empurrar a moto por uns 4km até o vilarejo para não rasgar a câmara mas não teve jeito, já estava rasgada e não teria concerto. Novamente dúvidas, desânimo pois achava que a viagem tinha terminado alí porque não tinha o que fazer a não ser arrumar um jeito de levar a moto de volta para Maceió para esperar por segunda feira, comprar uma câmara nova e voltar para casa pois não teria mais ânimo para continuar depois dessa. No meio do nada! O meu celular da Vivo não dava sinal e isso tem acontecido na viagem toda, lá no meio do nada pegava Tim e Oi. Chegando em casa vou providenciar outro chip, a cobertura da Vivo é muito ruim. Liguei do celular de um caminhoneiro que estava "preso" alí desde quinta por problemas no motor do caminhão. Seu nome é Fernando, é de João Pessoa e além de ficar papeando e falando das maravilhas de seu estado, também ajudou a levantar a moto (no braço) para colocar o macaco, que era mais alto que a moto, por debaixo do quadro. Depois de muito quebrar a cabeça e tentar contato com várias pessoas para ver o que poderia ser feito, Cícero (o borracheiro) resolveu tentar colocar uma câmara de carro aro 14 (o da moto é aro 15) e acabou dando certo. Agradeço aqui ao meus irmãos Guilherme e Walace e aos amigos de Maceió e Alagoas que entraram em contato e tentaram ajudar de alguma forma. Ser um motociclista definitivamente não é só possuir uma moto. Segui caminho para Recife e só cheguei aqui 00:30 de hoje, ou seja, fiz 259km em 9 horas. Fazer pequenos trechos em muitas horas está virando costume! Estrada péssima, trechos com crateras que podem facilmente fazer cair da moto. Fui bem devagar em uma média de 60km/h até chegar no trecho duplicado (faltando 110km para Recife). Faltavam 40km para chegar e começou a chover muito forte e novamente tive que diminuir a velocidade. Já em Recife percebi a enorme diferença social assim como em Salvador e Maceió, muitos mendigos, crianças trabalhando de flanelinha de madrugada...
Vou dormir que hoje é dia!












Cícero e Fernando, bom papo e grande ajuda
 Albergue de Recife




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